Startup cria tecido que pode ser reciclado para sempre ( para sempre mesmo )
- Solo3 Ecovibes
- 16 de nov. de 2023
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Por ELIZABETH SEGRAN via Fast Company Brasil

A estilista Mara Hoffman propõe uma alternativa para o futuro. Ela lançou um novo vestido laranja, batizado de This Dress Changes Everything (Este vestido muda tudo), que é feito de resíduos têxteis, mas tem a aparência e o toque de uma seda de alta qualidade.
No final de sua vida útil, a peça será recolhida e reciclada em um novo vestido, e assim sucessivamente. “O tecido é feito com materiais que já existem no planeta e não requer a extração de novos recursos”, explica Hoffman.
O vestido foi criado em parceria com a Circ, uma startup que desenvolve tecidos a partir de materiais descartados e também criou a infraestrutura para reciclar esses tecidos e transformá-los em novos.
Hoffman produziu apenas 35 exemplares desse vestido laranja (cada um custa US$ 1.195), mas promete fazer a transição de todo o seu liocel virgem (tecido natural, produzido a partir da celulose ou da pasta de madeira) para o liocel reciclado da Circ dentro dos próximos três anos.

O PROBLEMA DA MODA DESCARTÁVEL
Neste momento de capitalismo em estágio avançado, o consumo excessivo e desenfreado está levando o planeta à catástrofe.
São necessárias enormes quantidades de água para cultivar algodão e de petróleo para fabricar fibras sintéticas. Ainda assim, o setor de vestuário continua produzindo mais de 100 bilhões de peças por ano para apenas oito bilhões de pessoas.
O setor é responsável por 10% das emissões globais de carbono e consome 4% de toda a água doce. E ainda assim, os consumidores usam suas roupas uma média de apenas sete vezes antes de jogá-las fora.
Para encerrar esse ciclo, são necessárias muitas soluções, sendo a mais óbvia o fato de que as pessoas deveriam comprar menos roupas e usá-las por mais tempo.
Mas, quando uma peça de roupa finalmente chega ao fim de sua vida útil, precisamos ser capazes de reaproveitar os tecidos nela contidos e transformá-los em novas peças. Isso evitaria a necessidade de extrair novos recursos naturais, o que reduziria as emissões de carbono da indústria têxtil.
TECIDOS FEITOS DE RESÍDUOS TÊXTEIS
É aí que entra a Circ. A empresa foi fundada em 2010 por Peter Majeranowski com foco em biocombustíveis. Mas, em 2018, sua equipe de engenheiros descobriu que a tecnologia poderia ser usada para quebrar os tecidos em suas moléculas principais e, em seguida, reconstituí-los para criar tecidos reciclados.
A tecnologia da Circ se destaca no mercado porque é capaz de decompor tecidos que são uma mistura de algodão e poliéster, enquanto empresas semelhantes trabalham apenas com fibras de origem vegetal.
“As misturas de poliéster e algodão são a maior parte dos tecidos produzidos atualmente e têm pouquíssimo uso alternativo, de modo que a maior parte vai parar em aterros sanitários e em incineradores”, explica Majeranowski.

Nos últimos cinco anos, a Circ vem tentando demonstrar ao setor que seus tecidos têm a mesma qualidade do algodão e do poliéster tradicionais, embora sejam feitos de resíduos de pano.
É por isso que é tão importante que a Mara Hoffman, uma marca conhecida por suas peças de alta qualidade, tenha adotado esse material.
Hoffman ficou impressionada com a qualidade do liocel reciclado da Circ. Mas também acredita que o objetivo mais abrangente da Circ de reciclar tecidos poderia transformar a indústria da moda. “Percebemos que isso é algo que pode gerar impacto. Se essa iniciativa pudesse dominar o setor, seria um grande avanço”, diz Hoffman.
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