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40 anos para nosso fim

Conheça e entenda o novo artigo da Nature que afirma que a humanidade irá se extinguir em apenas quatro décadas.



POR CHRISTIANE COSTA ASSIS – DIVULGAÇÃO via Tunes Ambiental

O artigo “Deforestation and world population sustainability: a quantitative analysis” (Desmatamento e sustentabilidade da população mundial: uma análise quantitativa, em tradução livre), escrito pelos pesquisadores Mauro Bologna e Gerardo Aquino pode, em um primeiro momento, parecer uma obra sensacionalista quando analisada de longe.


Uma visão a fundo, entretanto, mostra exatamente o contrário disso. Primeiramente, é importante mencionar que a revista Nature é uma das mais conhecidas do mundo e ter um artigo aprovado nela é um feito difícil. Para ser aprovado, o artigo passa por revisores exigentes, que irão averiguar a relevância e, principalmente, a confiabilidade dos dados apresentados, analisando a metodologia e sua coerência com os resultados apresentados. Além disso, mesmo com um achado tão relevante, os autores desse relutaram em colocar um título mais chamativo, o que mostra cautela para a apresentação de resultados, algo que você não esperaria de um trabalho sensacionalista.



Para eles, o aquecimento global é preocupante, mas jamais sentiremos seus maiores impactos caso nossos ecossistemas entrem em colapso. Grandes florestas, como a Amazônia, já estão bem perto do chamado “point of no return“, que consiste no limiar de destruição necessário para que esse ecossistema seja incapaz de se autossustentar, o que iria gerar uma reação em cadeia que culminaria em seu completo desaparecimento. Isso já aconteceu em diversos locais do nosso planeta, nos quais tantas árvores foram retiradas que a paisagem foi transformada em um deserto



Para mensurar esse fato já tão conhecido, os pesquisadores resolveram criar modelos matemáticos extremamente complexos que levaram em conta a taxa de crescimento populacional humana, a taxa de criação e destruição de unidades de conservação ao redor do mundo, variações da demanda por madeira, áreas de pasto ou agrícolas, as previsões de mudanças na taxa de desmatamento e, até mesmo, os prováveis avanços tecnológicos que poderiam interferir positivamente nesse cenário. Após diversas simulações utilizando diversos cenários possíveis (cuja metodologia não abordarei aqui), os resultados alarmaram cientistas do mundo todo.


Atualmente, perdemos cerca de 200.000 km² de floresta todos os anos, em uma velocidade cada vez maior. Caso o ritmo atual fosse mantido, perderíamos todas as árvores da Terra em apenas 100 ou 200 anos (embora pareça um número extremo, essa conta é fácil de fazer e, infelizmente, o resultado é sempre esse). Entretanto, não precisaríamos cortar a última árvore para começar a sentir os efeitos dessa destruição.


Em conclusão, esse paper apontou que o cenário mais plausível para os próximos anos é a completa aniquilação humana pela destruição massiva das florestas do planeta que, muito em breve, poderão atingir seu point of no return e ocasionar o colapso sistêmico dos principais ecossistemas do globo. O fim das florestas provocaria secas extremas, que impossibilitariam a produção da comida que necessitamos para sobreviver e isso, sem dúvida, seria o fim de nossa sociedade.


Adotando um modelo combinado determinístico e estocástico, eles puderam concluir que, de um ponto de vista puramente teórico e estatístico, a humanidade teria apenas 10% de chance de sobreviver às próximas quatro décadas, no cenário mais otimista. Esse mesmo cenário também explicaria o Paradoxo de Fermi, uma vez que civilizações tendem a se autodestruir antes de expandir para outros planetas.


Então, devemos nos preocupar? Absolutamente, sim. Mas talvez não da forma que pensamos em um primeiro momento. Cenários estatísticos são extremamente teóricos e pequenos erros ou aproximações podem ter grandes implicações no resultado final. Entretanto, esses modelos foram extremamente embasados e elogiados por outros cientistas, o que é um indicativo de que essas previsões podem estar certas. No ritmo atual, a sociedade como conhecemos irá acabar muito em breve.


Uma outra possibilidade, porém, é que resolvamos mudar drasticamente nossa forma de consumo quando nossa civilização começar a ruir e, dessa forma, apenas alguns milhões de vidas sejam perdidos antes que seja tarde demais.


Provavelmente, quanto mais um país desmatar, mais rapidamente ele será afetado, um fato altamente problemático para países subdesenvolvidos (segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, os 10 países que mais desmataram na última década foram o Brasil, a República Democrática do Congo, Indonésia, Angola. Tanzânia, Paraguai, Myanmar, Cambójia, Bolívia e Moçambique).


Infelizmente, o cenário mais provável é que só começaremos a realmente nos preocupar com o planeta quando nossas vidas estiverem em jogo. Lamentavelmente para nós, esse momento é agora. Só nos resta mudar.

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